O Espadachim de Carvão – Crítica do livro

Meio que surgindo do nada, “O espadachim de Carvão” foi o primeiro livro do podcaster, ilustrador e colunista, Affonso Solano. Para minha surpresa, não é um material ruim, muito pelo contrário, é uma obra que acerta em quase tudo, com uma trama viciante, que conseguiu me cativar.

O mundo que Kurgala, no qual se passa o livro, é inteiramente novo e mesmo que tenha as suas influências, clichês de Elfos e Anões, tão frequentes em obras de fantasia medieval, não aparecem, dando lugar a criaturas totalmente novas, com suas línguas e costumes próprios. Nesse mundo vive Adapak, um ser de uma raça única, totalmente diferente das mais de 10 espécies dominantes que vivem naquele mundo. Um dia ele é obrigado a fugir da caverna que vivia durante quase a vida inteira e conhecer como as coisas são, já que ele acumulou um grande conhecimento de seu pai que é um dos quatro deuses que criaram as criaturas daquele universo.

“O espadachim de Carvão” demora um pouco para engrenar, com um começo confuso, citando um monte de conceitos que só serão explicados com o decorrer da trama, mas tudo isso é compensado pelo jeito dinâmico que o autor apresenta eles.

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Pelo os olhos do protagonista inocente e inexperiente, conhecemos todo o rico ambiente criado por Affonso Solano, entretanto como Adapak já conhece tudo na teoria, algumas coisas precisaram ser explicadas de outra forma e assim que surgem os flashbacks, para descrever o passado do personagem principal e a história daquele mundo exótico. No lugar de usar longas e entediantes descrições fornecidas pelo narrador, que muitas vezes quebram o ritmo do livro, a obra prefere contar muitas coisas usando diálogos, o que eu achei genial, pois através deles o leitor é apresentado a coisas fundamentais daquele universo e ainda desenvolve os personagens. E não pense que isso é feito de forma forçada, pois sempre o dialogo está contando alguma coisa daquele mundo, algo importante da vida de Adapak também está acontecendo e quando não tem como contar com diálogos, o narrador descreve as coisas.

Na trama principal do livro, o protagonista se deslumbra e se decepciona com o que aquele mundo é na realidade, fora dos romances que ele lia na caverna, conhecendo novos personagens ultra cativantes, tanto que eu fiquei com vontade de conhecer alguns deles mais a fundo, porém também não é um demérito, pois acho que seria pior forçar a barra para que personagens que não tem motivações para aparecer mais, tivessem mais espaço no livro.

Enfim, Affonso Solano fez uma ótima estreia em “O Espadachim de Carvão” e apesar da obra ter um final fechadinho, sobraram algumas pontas soltas que eu estou louco para serem exploradas em uma continuação.